ALDO PEREIRA
A obra de Sigmund Freud contém muito de original e verdadeiro. Mas o original não é verdadeiro; e o verdadeiro não é original
A OBRA de Sigmund Freud (1856-1939) contém muito de original e verdadeiro. Mas o original não é verdadeiro; e o verdadeiro não é original. (Você dirá que tampouco essa glosa é original, já que adapta epigrama atribuído ao dicionarista, poeta e crítico inglês Samuel Johnson (1709-1784). Mas acolha como atenuante que a citação é provavelmente apócrifa: não figura em escritos nem de Johnson nem de contemporâneos seus.) Exemplo de verdadeiro, na psicanálise, é o conceito de inconsciente.
(...)
Psicanalistas evangélicos se habilitam a induzir indistintamente catarse ou exorcismo sem confundir neurose com possessão demoníaca. Um deles sugere que, para obter diagnóstico diferencial, o terapeuta encare o paciente e exclame: "Jesus!". Se incorporado, o demônio se manifestará num espasmo furioso do possesso.
Verdadeiro? Discuta-se. Original?
Não se discute.
ALDO PEREIRA , 75, é ex-editorialista e colaborador especial da Folha. aldopereira.argumento@uol.com.br
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