16 julho 2008

A MORTE E A MORTE DE SIGMUND FREUD

Por Rogerio Silva

Não. Naõ é um Jorge Amado quem está escrevendo e nem se trata de Quincas Berro d´Água. É que Freud que já morreu em 1939, pode voltar a morrer. Desta vez através de sua grande criação. A psicanálise.

Quem nos conta essa possibilidade é Aldo Pereira em seu artigo publicado ontem na página 3 da Folha de São Paulo. Num belíssimo artigo. Ele brinca de William James, para dizer que a obra de Sigmund Freud contém muito de original e verdadeiro. Mas o original não é verdadeiro; e o verdadeiro não é original. O que ele pretende é mostrar que entre o falso e o verdadeiro pode estar ou não o original.

A Associação Psiquiátrica Americana excluiu de seu "Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais", todos os "complexos" e "neuroses". Essa decisão, tomada na década de 80, causou progressivo declínio na formação de psicanalistas americanos.

O pós modernismo (principalmente o Frances) tornou-se uma religião laica que teve com Jacques Lacan, Jacques Derrida e Jean Baudrillard um oráculo hermético do pessoal da "nova era". A psicanálise acabou sendo vista junto com uma cultura "alternativa" de crenças e práticas mágicas, orientalistas, esotéricas, naturalistas, ocultistas etcetera.

A proposta de Lacan em tornar aquele que procura analise num analista muda essa questão na França. Todo um processo desenvolvido por ele retira a psicanálise da esfera científica. Para Contardo Calligaris em “Cartas a um jovem terapeuta” (Elsevier, 2008, Rio de Janeiro), a psicanálise não pode ser considerada uma psicoterapia, já que ela não se propõe a uma cura e sim uma transformação

Até mesmo a medicina busca uma maneira discreta de rejeitar a psicanálise. Tal repúdio confere drama e comédia à partilha do legado intelectual de Freud. Que órfãos se credenciam como herdeiros legítimos do espólio? Qual das entidades pretensamente representativas é guardiã do credo autêntico? Questiona Aldo.

Em 19 Fevereiro 2007 eu escrevi neste blog POR UMA EXPERIENCIA RELIGIOSA com a intenção de mostrar a necessidade de um certo ateísmo por aquele que se propõe a ser analista. Nesse texto, Freud descreve uma passagem como conseqüências de uma entrevista dada a um jornalista teuto-americano G. S. Virec que o indaga sobre a sua crença na religião durante uma visita sua aos Estados Unidos.

É preciso estar desprovido de uma crença religiosa para poder perceber, no discurso daquele que procura a analise, o seu ponto de conflito. Por isso, Freud nunca se viu um profeta fundador duma religião secular. Muito menos teria ele acolhido convergência entre psicanálise e crença mística. É, portanto impensável o sincretismo que ocorre no Brasil entre psicanálise e seitas cristãs, sejam elas católicas, sejam evangélicas.

O que Aldo pretende demonstrar, é que hoje, psicanalistas filiados a alguma das muitas instituições de psicanálise se vêem concorrentes de profissionais formados por entidades como a Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil. Após curso de dois anos, você pode sair psicanalista clínico pela SPOB. Colega, imagine, da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (turma de 2003). Afirma Aldo.

O Instituto de Educação Superior e Pesquisas Avançadas oferece cursos "à distância" de psicanálise clínica livre. As modalidades apresentadas vão desde uma formação acadêmica de terceiro grau até o mais alto grau de pós-graduação.

Original? Pode ser... mas psicanalitico, tenho dúvidas.

Não se trata de questionar os modos utilizados por essa Instituição para a formação de seus seguidores, mas sim questionar o modo de intervenção no processo de mudança proposto por Freud. Isso sim, seria uma outra morte.

2 comentários:

Anônimo disse...

acho q o álvaro não quer dizer oq vc acha q ele quer dizer
kkk
acho q o buraco é mais embaixo

Anônimo disse...

Que termo chulo de fazer comentário!