09 abril 2008

POEMA A GUILGAMESH

Por Pablo Cúneo


¿Por qué morimos?, pregunta el niño;

para ser olvido, afirma el incrédulo;

para elevarnos, responde el creyente;

para no ver la muerte, sostiene el poeta.

.

¿Qué muerte?, pregunta el niño;

la del Padre, afirma el incrédulo;

la del cuerpo, responde el creyente;

la del futuro, sostiene el poeta.

.

El incrédulo aguarda, el creyente calla

y el poeta habla,

mientras el niño con ardor

a Guilgamesh juega.

.

La muerte del Padre es eco del ayer,

la del cuerpo es mirada en el espejo, pero la otra;

como sombra de una mirada nueva,

esa hijo, esa es la tuya.

.

El niño escucha y con pena,

a serpientes, diluvios y dobles,

como Guilgamesh juega.

.

Tradução por Rogério Silva

Poema a Guilgamesh

Por que morremos? pergunta o menino;

para sermos esquecidos, afirma o incrédulo;

para nos elevarmos, responde o crente;

para não ver a morte, sustenta o poeta.

.

Que morte? pergunta o menino;

a do pai, afirma o incrédulo;

a do corpo, responde o crente;

a do futuro; sustenta o poeta.

.

O incrédulo aguarda, o crente se cala

e o poeta fala

enquanto o menino julga Guilgamesh

com fé.

.

A morte do pai é o eco do passado,

a do corpo é vista no espelho, mas a outra

como sombra de uma nova vista,

essa, filho é a sua.

.

O menino escuta e com pesar,

as serpentes, dilúvios e dobras

como Guilgamesh julga


Foto:Tabuinha da Epopéia de Guilgamesh descrevendo o diluvio em Acádio

Deve ter sido a 2750 a.C. o período em torno do qual deve ter reinado o lendário Guilgamesh, rei de Uruk que inspirou o famoso épico que leva seu nome. É retratado como o quinto rei de Uruk, sucedendo aos míticos Lugalbanda e Dumuzi. Deve ter vivido cerca de 126 anos, pela genealogia. Na Epopéia de Guilgamesh é relatado um dilúvio, que bem pode ser situado em 4000 a.C., segundo as evidências geológicas.

Uruk é a Erech bíblica (nome que significa rebelar-se) (Gen.8-10) governada por Nimrod considerado o construtor da Torre de Babel e identificado com Guilgamesh; e que podemos encontrar na tradição judaica os rastros de uma semelhança divina de Noé com Utnapishtim num manuscrito aramaico encontrado em Qumrán conhecido como Apócrifo do Gênesis onde se diz que Lamec o pai de Noé suspeita que seu filho não é seu e sim filho de sua mulher com um dos anjos.

É incrível ver como a tradição hebraica toma e elabora os mitos mesopotâmicos.

O que moveu Guilgamesh por toda a sua vida foi à busca da imortalidade. O mito de Guilgamesh relaciona-se à busca desesperada por algo (a vida eterna) que lhe foi negado (uma piada dos deuses?) em seu nascimento. Ele abandona sua vida para buscar, sem sucesso, a vida eterna.

Em sua epopéia, traduzida em 1872, encontram-se relatos que se assemelham muito com a história de Noé, narrada na Bíblia. Na epopéia de Gilgamesh, Noé é chamado de Utnapsiti.


Um comentário:

Luana Camará disse...

A vida sempre foi boa comigo.
Quando soube que o meu coração
estava carregado de sombras
e que ele só se alimentava de luz,
abriu uma janela em meu peito
para que por ela possam entrar
a negritude da noite,
o resplendor do orvalho,
o fulgor ds estrelas,
e o invisivel arco-iris do amor.