02 agosto 2007

ERNST INGMAR BERGMAN E MICHELANGELO ANTONIONI


Por Rogério Silva

Na segunda-feira dia 30 de julho de 2007 o mundo perdeu dois grandes gênios do cinema da atualidade.

Michelangelo Antonioni, foi diretor de filmes premiados como "Blow Up" (1966) e "A Noite" (1960), morreu à noite em sua casa em Roma aos 94 anos de idade e Ernst Ingmar Bergman, foi diretor e roteirista morreu em sua casa em Fårö aos 89 anos, de forma tranqüila, segundo sua filha, Eva Bergman.

Na minha opinião Bergman teve maior influencia para a psicanálise, pois os seus filmes lidam geralmente com questões existenciais como a mortalidade, a solidão e a fé. Um grande, no meu entendimento, um poeta da inquietação humana, da vida e da morte, da problemática relação entre o homem e a natureza. Da ausência de Deus, ou da omissão. As suas influências literárias vêm do teatro: Henrik Ibsen e August Strindberg.

Talvez o melhor comentário sobre Ingmar Bergman tenha partido de Jea-luc Godard:: "O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas. Nada poderia ser mais classicamente romântico". (Jean-Luc Godard, "Bergmanorama", Cahiers du cinéma, Julho - 1958).

Na sua cinematografia se destacam para o interesse da psicanálise “O Sétimo Selo” (1956), “O Silêncio” (1963), Persona” (1966) e “Gritos e Sussuros” (1972).

Det sjunde inseglet (O Sétimo Selo em português) o filme ambienta-se em um dos mais obscuros e apocalípticos períodos da Idade Média européia. O título é uma remissão ao livro bíblico denominado Apocalipse ou Revelação, especificamente aos capítulos oitavo, nono e décimo do referido livro. No desenrolar do enredo torna-se clara a preocupação do diretor em buscar, no passado, um período que traga à tona questões ainda presentes no mundo contemporâneo. Ao fazê-lo, Bergman reconstruiu a Idade Média sueca não para tematizá-la em si, ainda que o trabalho de pesquisa histórica e de reconstrução da sociedade daquela época tenham sido cuidadosamente trabalhados, mas, principalmente, para expor as aflições do mundo a ele hodierno. Destarte, Bergman busca no mundo medieval o medo apocalíptico, seja o temor de que o mundo pode acabar de repente ou de que ele seja dizimado gradualmente pela peste, o que acaba por expor a preocupação própria do diretor com essa mesma questão.

Tystnaden (br:O Silêncio) é um filme de 1963 escrito e dirigido por Bergman, estrelando Ingrid Thulin e Gunnel Lindblon.

Duas irmãs pousam num hotel em um país europeu não-identificado à beira de uma guerra. A irmã mais velha e mais culta, Ester (Ingrid Thulin), tradutora de livros, é uma doente terminal. Seu medo da morte obscurece o relacionamento com a irmã mais nova, a bela Anna (Gunnel Lindblom), que representa a parte carnal da dicotomia espírito/corpo. Anna negligencia o seu filho Johan (Jörgen Lindström), um garoto de cerca de 12 anos que vagueia pelo hotel quase deserto.

Na cena mais famosa do filme, Johan observa pela janela um tanque solitário vagando pela rua à noite; Susan Sontag (em "Against Interpretation") considera o tanque um símbolo fálico óbvio, mas o filme não parece pedir nenhuma interpretação reducionista. De acordo com o crítico Leo Braudy, Bergman pretendia que o filme fosse "caracterização do inferno na terra — o meu inferno". Pistas sutis (como o nome da cidade escrito errado) podem apontar que o pais seja a Finlândia.

O filme foi bastante controverso em 1963, apresentando a masturbação feminina, sugerindo o lesbianismo e o incesto além de nudez feminina e de sexo.

Persona é um filme sueco de 1966 foi escrito e dirigido por Ingmar Bergman.

Uma enfermeira é encarregada de cuidar de uma atriz que, apesar de física e psicologicamente sã, se recusa a falar. Como o tratamento dentro do hospital não parece ser o mais eficiente no caso, as duas vão morar numa casa de verão, onde se aproximam e se mostram, às suas maneiras.

Viskningar och rop (br: Gritos e Sussurros) é um filme sueco de 1972, do gênero drama, dirigido por Bergman.

O filme é sobre duas irmãs que cuidam de uma terceira irmã em seu leito de morte, ambas temerosas diante da sua morte inevitável, mas também ansiando para que isso aconteça.

2 comentários:

Anônimo disse...

Puxa, fico feliz que exista um espaço dedicado a psicanálise -- e que trate de modo tão cuidadoso os temas que aborda.

Infelizmente as ciências humanas e a filosofia parecem ainda não ter assimilado a dimensão do impacto das tecnologias de comunicação na sociedade atual. Ou talvez sintam-se desprestigiados dividindo espaço com tanta coisa aparentemente inútil -- o que coloca a prova, em muitos casos, as próprias intenções e propósitos das atividades que exercem.

De todo modo, parabéns, ganhou um leitor

Rogério Silva disse...

No dia 3/8/2007 eu recebi por e-mail o seguinte comentário:
Oi, Rogério!

Me irmano consigo, qto à perda de ambos. meu luto é mais triste em relação ao Bergman. Desde que era uma menina moça, quando me deparei com Fanny & Alexander, baseado na obra "O sonho" de Strindberg, aquele passou a ser meu filme de cabeceira. Perdi a conta de quantas vezes fui ao cinema revê-lo...qdo sua cópia foi apresentada em DVD, não tardei em adquiri-la e mais outras tantas vezes a assisti...O livro de Strindberg, o consegui em um sebo e tb o reli algumas vezes.
E ainda se atrevem a dizer que cinema não é cultura nem descobrimento interior...

bjos
Silvia

aproveito oportunidade para agradecer a Silvia e o Leonardo pelos comentários.
abs rogerio