14 julho 2006

SUBJETIVAÇÃO E SEXUALIDADE

A Psicanálise e as novas formas de subjetivação e de sexualidade

Por Regina Neri

Na passagem do século XIX ao XX, a psicanálise se inaugura em torno de uma interrogação sobre a crise do sujeito clássico da razão. Ao descentrar o sujeito da consciência filosófica para o inconsciente, deslocar o corpo anatômico da razão científica para o corpo erógeno e subverter o instinto pré-determinado pela plasticidade da pulsão sexual, ela aponta para a crise das identidades fixas que marca a modernidade. A psicanálise vem, assim, contribuir de forma determinante para pensar os processos de subjetivação e sexuação do sujeito na cultura, constituindo-se segundo Fraisse (1995) como primeiro discurso a colocar no âmago de sua interrogação a questão da diferença sexual.

O século XXI encontra-se perpassado pela interrogação sobre a diferença sexual instaurada pela modernidade. Apesar de antigas representações do feminino e do masculino ainda se manterem, assistimos a um vivo questionamento sobre a diferença sexual. A diferença teria necessariamente de se manter atrelada à oposição dialética masculino/ feminino ou nos encontramos diante da produção de novas cartografias da diferença? Nesse contexto, cabe aos psicanalistas se colocarem na escuta de seu tempo.

O processo de introjeção como processo subjetivador

Por Eliana Schueler Reis

Sua primeira contribuição de peso à teoria e à clínica psicanalítica consistiu na formulação do conceito de introjeção, entendido como um processo psíquico envolvendo os investimentos pulsionais realizados pelo bebê desde seus primeiros contatos com seu meio ambiente. É importante assinalar que não se trata da introjeção de objetos e sim de movimentos de captura de marcas diferenciais das sensações de prazer/desprazer percebidas nos contatos com o mundo em torno, produzindo um efeito de “alargamento da esfera do eu”. A extensão dos interesses do Eu ao mundo exterior, confere a esse mundo um valor, uma qualidade e algo fora do Eu passa a ser investido, ocupado (Bezetzen) enquanto espaço psíquico. Esta qualidade é introjetada, constituindo introjeções primitivas ou transferências originárias de energia psíquica, que atuam como matrizes identificatórias. A mobilidade dos investimentos pulsionais depende das condições do sistema receptor das impressões num dado momento da existência subjetiva. Segundo estas condições, o Eu infantil regula as sensações de prazer e desprazer definindo diferenciais quantitativos e qualitativos que regulam a direção dos investimentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

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