Roupas sujas, usadas, molhadas,
abandonadas
no canto do banheiro
amontoam dores, odores e favores.
As crianças aditam muita sujeira
de terra, doces e traquinas.
Os adultos, o suor da lida,
preocupações e insucessos.
Mulheres, desamores adormecidos
choros calados e frustrações.
Nos jovens, desencantos, hormônios,
desejos incestuosos ou luxuriantes.
Elas guardam muitos segredos, as vezes.
Paixões, equívocos e desapontamentos.
Sujas de uso, suor e poeira
que Rita colhe, recolhe e acolhe.
No tanque com água e sabão:
ensaboar, esfregar, lavar.
Na água suja
misturadas ao sabão.
Limpa
todas as dores enxaguadas.
Escorrem como lagrimas,
as mágoas e os ressentimentos.
Penduradas
à brisa leve do ar,
recebem bênçãos
compaixões e esperanças.
Os lençóis guardam ainda segredos de alcova.
Toalhas de mesa, manchas de gordura,
de café e leite permanecem.
De banho embebidas do corpo, a pureza.
Rita, de olhos acanhados e gestos tímidos,
parece conhecer todos os gemidos,
gritos, sussurros e risos,
contidos nas entranhas das almas!
03 setembro 2011
ENTRANHAS DA ALMA
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4 comentários:
e em cada gotinha de suor uma história... ou a febre de não se ter mais histórias
víge. nem assinei.
As roupas cobrem, protegem e guardam intimidades.
Um dia eu me peguei conversando com um casaco que estava guardado desde o inverno passado. Ele me fez lembrar de fatos e acontecimentos que eu pansei que jamais lembraria.
Pensei em jogá-lo fora, mas seria como se gogasse fora uma parte importante de mim. Preferi um outro queera mais leve, mas sabia menos de mim.
Samanta Odoni
Wow que poético, interessante.
Tenho tantas coisas guardadas, alguns não entendem lá em casa. Eles não sabem que cada coisa guarda uma,duas ou muitas histórias.
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