03 setembro 2011

ENTRANHAS DA ALMA

Roupas sujas, usadas, molhadas,
abandonadas
no canto do banheiro
amontoam dores, odores e favores.

As crianças aditam muita sujeira
de terra, doces e traquinas.
Os adultos, o suor da lida,
preocupações e insucessos.

Mulheres, desamores adormecidos
choros calados e frustrações.
Nos jovens, desencantos, hormônios,
desejos incestuosos ou luxuriantes.

Elas guardam muitos segredos, as vezes.
Paixões, equívocos e desapontamentos.
Sujas de uso, suor e poeira

que Rita colhe, recolhe e acolhe.

No tanque com água e sabão:
ensaboar, esfregar, lavar.
Na água suja
misturadas ao sabão.

Limpa
todas as dores enxaguadas.
Escorrem como lagrimas,
as mágoas e os ressentimentos.

Penduradas
à brisa leve do ar,
recebem bênçãos
compaixões e esperanças.

Os lençóis guardam ainda segredos de alcova.
Toalhas de mesa, manchas de gordura,
de café e leite permanecem.
De banho embebidas do corpo, a pureza.

Rita, de olhos acanhados e gestos tímidos,
parece conhecer todos os gemidos,
gritos, sussurros e risos,
contidos nas entranhas das almas!

3 comentários:

Anônimo disse...

e em cada gotinha de suor uma história... ou a febre de não se ter mais histórias

soraya disse...

víge. nem assinei.

Anônimo disse...

As roupas cobrem, protegem e guardam intimidades.
Um dia eu me peguei conversando com um casaco que estava guardado desde o inverno passado. Ele me fez lembrar de fatos e acontecimentos que eu pansei que jamais lembraria.
Pensei em jogá-lo fora, mas seria como se gogasse fora uma parte importante de mim. Preferi um outro queera mais leve, mas sabia menos de mim.

Samanta Odoni