Por Camila Maldonado
Ontem, foi um dia muito especial para mim. Não sei se foi pelo seu significado, ou se foi porque eu pude refletir sobre a minha vida. A minha existência como mulher e tudo o que eu tenho feito nos campos afetivo e existencial. Sou descasada e tenho curso superior, mas procurei comparar-me com todas as marias desse mundo.
Depois que os meus filhos foram dormir entrei no banheiro. Estava sentindo muito mal. Sentia-me sozinha. Irremediavelmente sozinha. Com aquele mal estar de ontem, de anteontem, de sempre, pior até. Hoje também estou mal, mas um pouco menos.
Despi-me e deitei-me no chão, tendo na mão um celular que tem câmera fotográfica. Comecei a me fotografar. Estava muito, mas muito excitada mesmo! Depois de fotografar todo o meu corpo, fotografei a minha vagina por todos os ângulos. É como se eu quisesse guardar algo que a partir daquele momento tomaria outro sentido para mim.
Comecei a acariciá-la. Estava toda 'melada'. Então comecei a me masturbar. Colocava o dedo dentro dela e estimulava o clitóris. Meus braços são curtos e meus dedos também. Quase não a alcançava. Talvez sentada fosse mais fácil, mas eu estava deitada e não queria mudar de posição. Resolvi, então, lamber o dedo pra saber que gosto tem. É salgadinho, constatei. Uma delícia! Adorei! Achava que nunca faria isso. Mas adorei mesmo! Divino! Achei que fosse ter nojo, sei lá... Mas não tive. Talvez por isso eu não pudesse nunca pensar numa relação homossexual.
Fiquei assim por muito tempo amando essa sensação, porém sem gozar. Insisti. Resolvi lamber a ponta de um dos dedos da outra mão. Em seguida iniciei um estímulo simultâneo num dos seios - uma das minhas maiores zonas erógenas - no mamilo. Uma mão no clitóris revezando com o interior da vagina e a outra no mamilo. Que delicia!
Insisti, continuei, estava obstinada. Não pararia enquanto não conseguisse sentir o melhor dos orgasmos da minha vida. Explorei tudo o que queria, sozinha, eu comigo mesma, sem ninguém para dizer o que devia ou não fazer, ninguém para por limite a nada. Insisti. Continuei de modos diferentes.
Trocava de mãos, de vez em quando. Estava cada vez mais excitada. Sentia um rubor enlouquecedor nas faces. Minha vagina era o foco principal, explorava-a a cada milímetro e revezava com os mamilos, ora o esquerdo, ora o direito. Procurei algo no banheiro que pudesse introduzir nela, mas não achei nada.
Tornei a deitar no chão e iniciei uma nova série de estímulos. Acariciava minha barriga, as minhas coxas. Sabia, ou melhor, achava que ia conseguir. Não podia e não queria parar. Queria muito aquilo. Precisava muito. Queria muito mesmo. Resolvi, com uma das mãos, abri-la e com a outra segurar, suavemente o clitóris, como se fosse um minúsculo pênis. Fiz como vejo os homens fazerem com os seus pênis. Vagarosamente, delicadamente, suavemente, porém vigorosamente, deliciosamente, num malabarismo de corpo, evitando fazer qualquer barulho.
Não sou escandalosa, mas tinha vontade de gritar. Estava quase gozando e não podia nem gemer; e aquela sensação de prazer, aquele arrepio tomava conta de todo meu ser.
Abri os olhos ainda deitada naquele chão já com a temperatura do meu corpo, percebi o basculante do banheiro aberto, nas suas frestas e um grande prédio que se agigantava atrás do meu. Podia ver algumas janelas abertas e luzes acesas no prédio vizinho. Fechei os olhos e imaginei que tinha uma platéia me observando excitada em cada uma das janelas com luzes acesas. Não me dava conta de que as frestas deveriam ser pequenas, quando vista de fora. Nessa hora insisti, com mais vigor, acariciava os mamilos, que a essa altura já estavam intumescidos.
Gozei! Continuei fazendo. Não parei enquanto não terminei de gozar. Foi um gozo espetacular. Nunca imaginei que pudesse ser capaz de gozar sozinha. Foi incrível, fantástico, maravilhoso, divino, celestial mesmo! Eu nunca vou me esquecer... Isso foi hoje, depois do dia da mulher, às três horas da madrugada, mais ou menos.
Nesse momento eu senti muita vergonha do que fiz, mas ao mesmo tempo pude me apaziguar pois estava sozinha. Acho que fiquei ainda tentando durante muito tempo, mas não posso precisar quanto. O que sei é que, mesmo demorando muito, descobri que posso fazer isso sempre e a hora que eu quiser.
Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.
[ ... ] Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.
Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada. de cabeça baixa:
- Quando é que passa?
- Passa o quê, minha senhora?
- A coisa.
- Que coisa?
- A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.
- Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca.
- ( ... ) E... e se eu me arranjasse sozinha? O senhor entende o que eu quero dizer?
- É, disse o médico. Pode ser um remédio.
[ ... ] Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha, Daí em diante usaria o mesmo processo. Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a benção da morte.
A morte.
Pareceu-lhe ouvir ruído de passos, Os passos de seu marido Antenor Raposo.Clarice Lispector, A Via Crucis do Corpo
Masturbação feminina de Gustav Klimt
Ontem, foi um dia muito especial para mim. Não sei se foi pelo seu significado, ou se foi porque eu pude refletir sobre a minha vida. A minha existência como mulher e tudo o que eu tenho feito nos campos afetivo e existencial. Sou descasada e tenho curso superior, mas procurei comparar-me com todas as marias desse mundo.
Depois que os meus filhos foram dormir entrei no banheiro. Estava sentindo muito mal. Sentia-me sozinha. Irremediavelmente sozinha. Com aquele mal estar de ontem, de anteontem, de sempre, pior até. Hoje também estou mal, mas um pouco menos.
Despi-me e deitei-me no chão, tendo na mão um celular que tem câmera fotográfica. Comecei a me fotografar. Estava muito, mas muito excitada mesmo! Depois de fotografar todo o meu corpo, fotografei a minha vagina por todos os ângulos. É como se eu quisesse guardar algo que a partir daquele momento tomaria outro sentido para mim.
Comecei a acariciá-la. Estava toda 'melada'. Então comecei a me masturbar. Colocava o dedo dentro dela e estimulava o clitóris. Meus braços são curtos e meus dedos também. Quase não a alcançava. Talvez sentada fosse mais fácil, mas eu estava deitada e não queria mudar de posição. Resolvi, então, lamber o dedo pra saber que gosto tem. É salgadinho, constatei. Uma delícia! Adorei! Achava que nunca faria isso. Mas adorei mesmo! Divino! Achei que fosse ter nojo, sei lá... Mas não tive. Talvez por isso eu não pudesse nunca pensar numa relação homossexual.
Fiquei assim por muito tempo amando essa sensação, porém sem gozar. Insisti. Resolvi lamber a ponta de um dos dedos da outra mão. Em seguida iniciei um estímulo simultâneo num dos seios - uma das minhas maiores zonas erógenas - no mamilo. Uma mão no clitóris revezando com o interior da vagina e a outra no mamilo. Que delicia!
Insisti, continuei, estava obstinada. Não pararia enquanto não conseguisse sentir o melhor dos orgasmos da minha vida. Explorei tudo o que queria, sozinha, eu comigo mesma, sem ninguém para dizer o que devia ou não fazer, ninguém para por limite a nada. Insisti. Continuei de modos diferentes.
Trocava de mãos, de vez em quando. Estava cada vez mais excitada. Sentia um rubor enlouquecedor nas faces. Minha vagina era o foco principal, explorava-a a cada milímetro e revezava com os mamilos, ora o esquerdo, ora o direito. Procurei algo no banheiro que pudesse introduzir nela, mas não achei nada.
Tornei a deitar no chão e iniciei uma nova série de estímulos. Acariciava minha barriga, as minhas coxas. Sabia, ou melhor, achava que ia conseguir. Não podia e não queria parar. Queria muito aquilo. Precisava muito. Queria muito mesmo. Resolvi, com uma das mãos, abri-la e com a outra segurar, suavemente o clitóris, como se fosse um minúsculo pênis. Fiz como vejo os homens fazerem com os seus pênis. Vagarosamente, delicadamente, suavemente, porém vigorosamente, deliciosamente, num malabarismo de corpo, evitando fazer qualquer barulho.
Não sou escandalosa, mas tinha vontade de gritar. Estava quase gozando e não podia nem gemer; e aquela sensação de prazer, aquele arrepio tomava conta de todo meu ser.
Abri os olhos ainda deitada naquele chão já com a temperatura do meu corpo, percebi o basculante do banheiro aberto, nas suas frestas e um grande prédio que se agigantava atrás do meu. Podia ver algumas janelas abertas e luzes acesas no prédio vizinho. Fechei os olhos e imaginei que tinha uma platéia me observando excitada em cada uma das janelas com luzes acesas. Não me dava conta de que as frestas deveriam ser pequenas, quando vista de fora. Nessa hora insisti, com mais vigor, acariciava os mamilos, que a essa altura já estavam intumescidos.
Gozei! Continuei fazendo. Não parei enquanto não terminei de gozar. Foi um gozo espetacular. Nunca imaginei que pudesse ser capaz de gozar sozinha. Foi incrível, fantástico, maravilhoso, divino, celestial mesmo! Eu nunca vou me esquecer... Isso foi hoje, depois do dia da mulher, às três horas da madrugada, mais ou menos.
Nesse momento eu senti muita vergonha do que fiz, mas ao mesmo tempo pude me apaziguar pois estava sozinha. Acho que fiquei ainda tentando durante muito tempo, mas não posso precisar quanto. O que sei é que, mesmo demorando muito, descobri que posso fazer isso sempre e a hora que eu quiser.
4 comentários:
o.O
ô.ô daond vc tira essas coisas?!kk
ela sentiu mais prazer ainda quando viu que a porta estava aberta,e a frente havia um prédio e uma platéia?O que isso quer dizer?explica pra mim rogério.bjss
priscilla
De onde tiramos a possibilidade de viver?
Não seria exatamente desses excessos, esse vigor que ultrapassa os umbrais da pudicidade?
Não importa se há plateia ou não, o que importa é a possibilidade de uma plateia.
Ex+por é colocar para fora aquilo que reprimimos por vergonha, culpa ou medo de punição.
O prazer é inexplicável, pois só ele poderia se explicar. O inexplicavel é o Unheimliche(infamiliar) que de tão infamiliar também é Heimliche (familiar).
O que quer uma mulher?
Bjs rogerio
oi essa é a minha dúvida:Porque não consigo ter orgasmo, sou casada a 4 anos tenho uma filha e tenho 19 anos, tenho intimidade com meu marido e o amo , porém não consigo nem com ele ou sem ele não consigo chegar até o final quando começa a ficar a bom ja não sinto mais meu corpo da vontade de gritar e que ele me pegue pelos cabelo e me segure o mais forte que poder, eu não consigo, trava meu psicológico o que devo fazer ja tentei de tudo menos ir ao ginecologista....
poderia esclarecer minha dúvida?
obrigada...
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