03 fevereiro 2009

O EU – O ENIGMA DA ESFINGE

Como eu me vejo, tu me vês.
Sou conhecido por nós,
uma janela aberta para o mundo.
Sabemos tudo sobre mim.

Se eu me vejo e tu não me vês.
Escondo-me em mim mesmo,
como um caramujo.
Eu sou essa metamorfose ambulante.

Mas se eu não me vejo como tu me vês.
Quem sou eu?
Sejas meu espelho,
só preciso que me digas.

Eu não me vejo, mas tu também não me vês.
Eu sou o enigma da esfinge,
cego e sem bengala.
Eu sou o elo perdido de mim mesmo.

Tendo para a amplitude.
Um corpo aberto no espaço.
Caminho no escuro.
Quão infinito é o meu percurso...

Uma janela aberta para o mundo,
essa metamorfose ambulante.
Quem sou eu?
O elo perdido de mim mesmo, o tudo e o nada!

2 comentários:

Cris_do_Brasil disse...

Difícil tarefa ser ´espelho de alguém`...
Gosto de Freud, essa semana estarei visitando a casa onde ele morava... sentirei-me o máximo!
Voltarei ler mais posts, gosto da psicanálise, e essa ´porta` para tirar dúvidas nao pode passar despercebida :))

Unknown disse...

A dualidade dimensional da busca do auto-conhecimento exposta magnificamente por Freud no poema me encanta por ser exatamente o dilema que habita em cada um de nós.
A interação do eu e o outro tão cartesianamente explícita por Freud é fascinante e abre quatro combinações reveladoras do status do intrinsecamente humano, ego. Impossível não se enquadrar numa das quatro combinações da leitura pessoal que fazemos da interconexão entre o eu e o outro. Pleno conhecimento ou felicidade, introspecção, alienação e desconexão social são ambientes que permeiam nossa existência, não absoluta ou integralmente, mas pontual e parcialmente.
Adoro o Freud!