06 maio 2008

A PROPÓSITO DO EPISÓDIO PSICÓTICO APRESENTADO PELO HOMEM DOS LOBOS

Por Rogério Silva

Nesta data em que se comemora o 152º anos de nascimento de Freud e 2º aniversário do Blog Freud Explica, apresento esse texto, que já fora apresentado por mim numa aula de técnica psicanalítica na Formação Freudiana.

Serge Leclaire tem um trabalho cujo título é o mesmo desta apresentação. Ali ele vem colocar em questão o que teria levado o Homem dos lobos de volta ao divã doze anos após uma análise concluída com Freud e apresentando um delírio hipocondríaco de estrutura paranóica.

Segundo o autor, é Ruth Mac Brünswick quem vai chamar o episódio apresentado pelo Homem dos lobos de psicose, mais precisamente de psicose experimental. Experimental, porque sobrevém numa intervenção que só pode ser sentida e vivida pelo paciente como uma re-problematização real de suas relações com Freud.

Ruth chegou a declarar que, se o paciente tivesse estado tão completamente curado de sua atitude feminina com seu pai, o quanto parecia, as doações em dinheiro que recebia no teriam para ele nenhuma conotação libidinal.

Numa entrevista prestada por Muriel Gardner à revista francesa "L'ane", Muriel declarou que, do seu ponto de vista, o caso do Homem dos lobos não se tratava de uma verdadeira psicose, nem de verdadeira paranóia e que quando Ruth disse que Sergéi Constantinovich Pankeyeff, o homem dos lobos era paranóico, ele teria respondido: "É preciso que eu me livre disso. Eu não tenho vontade de ser chamado de paranóico.”

Foto: Katrin Obholzer e Sergéi Constantinovich Pankeyeff o Homem dos Lobos

Leclaire desenvolveu este trabalho em quatro partes.

Na primeira parte ele quer nos mostrar o que ele chamou de história essencial do Homem dos lobos: Ele tinha 22 anos de idade quando foi consultar Freud em 1910; acabara de herdar uma grande fortuna de seu pai morto há dois anos. Trata-se de um jovem que aos dezoito anos, depois de uma blenorragia viu a sua saúde desmoronar. Tornou-se totalmente dependente dos outros e estava desadaptado quando começou seu tratamento psicanalítico. Levara uma existência mais ou menos normal durante os anos que precederam a eclosão de seu estado e sem muitas dificuldades, terminara o seu s estudos secundários. Seus anos de infância tinham sido dominados por graves perturbações neuróticas que eclodiram pouco antes do seu quarto aniversário sob a forma de uma histeria de angústia (fobia de animais) e depois se transformaram em neurose obsessiva de conteúdo religioso, perturbações que se manifestaram, assim como seus derivados, até os doze anos do doente.

O que Leclaire quer demonstrar é que Freud estabeleceu o seu trabalho com o Homem dos lobos em torno da neurose infantil. Excluindo a neurose dos adultos acreditando que esta apenas sucedeu a uma neurose obsessiva espontaneamente resolvida, mas cuja cura deixou seqüelas.

O essencial dos elementos que permitiram a reconstituição de uma neurose infantil foram obtidos por Freud durante os últimos meses de quatro anos de análise que impôs a pressão de um prazo fixo para terminar. Com isso Freud deixou seu paciente ir embora antes do início da Primeira Guerra Mundial a seu ver, curado.

O Homem dos lobos retorna a análise no fim de 1919 apresentando uma recaída de sua constipação histérica e sem poder pagar análise.

Ruth nos conta que o milionário de antes estava desempregado, desprovido de qualquer possibilidade de subsistência que fora auxiliado, durante seis anos de privação, por uma coleta feita por Freud como retribuição a quem “dera tão bela contribuição à teoria da análise”.

Em 1926 ele retornou a analise com Ruth, gratuita a conselho de Freud. Apresentava idéias fixas (ideé fixe) hipocondria centrada no intestino, nariz e dentes. Queixava-se a Ruth de ter sido vítima de um dano causado ao seu nariz pela eletrólise, método este que fora empregado para tratar uma glândula sebácea de seu nariz. Dano considerado irreparável e que deformava o contorno de seu nariz.

Embora houvessem outras declarações em que se constatavam as perfeitas condições de seu nariz, ele o via sempre deformado causando assim prejuízos à sua vida e ao seu trabalho. Vivia sempre concentrado num espelhinho que passava a ter o poder de decidir o rumo da sua vida segundo o que descobrisse nele.

Para Ruth o diagnóstico de paranóia é indicado, mais precisamente paranóia hipocondríaca. Este tratamento, que durou poucos meses, colocava-a entre Freud e Sergéi, já que ela tinha que cuidar-se apenas dos resquícios de sua transferência com Freud.

No fim deste tratamento, ele voltou a ser o que já se conhecia pela história publicada por Freud "...Uma personalidade atraente, de caráter escrupulosos, com uma inteligência aguda, dotado de interesses e talentos variados e de uma compreensão analítica precisa e profunda que era uma constante fonte de prazer" .

Sobre o mecanismo da psicose, Ruth declarou que é difícil dizer por que o paciente, ao invés de manifestar uma paranóia, não retornou à sua primitiva neurose. Ela acha que a forma de que se revestiu a doença de Sergéi pode-se atribuir à profundidade e, consequentemente, ao grau de sua ligação com seu pai.

É ai que ela toma carona na transferência dele com Freud. A circunstância fortuita teria sido, portanto, a doença de Freud, e o temor de sua morte que "ao exaltar o perigoso amor passivo sentido pelo filho, assim como a subsequente tentação de se submeter à castração, exalta ao mesmo tempo a hostilidade num grau que torna necessário um novo mecanismo para lhe fornecer uma saída: este novo mecanismo é a projeção".

Ela destaca ainda, dois episódios que darão importância ao seu estado psicótico:

1) a significação libidinal dos presentes de aniversário recebidos, que atravessa toda a história de Sergéi como um fio condutor, e de

2) a pressão exercida pelo prazo fixado por Freud que permitiu que ele conservasse esse núcleo o que mais tarde veio a produzir a sua psicose.

Na segunda parte, Serge Leclaire estudará o Homem dos lobos sob a égide de sua relação com o homem e com o complexo de castração. Leclaire tenta ordenar uma longa história, sublinha todo o trabalho de Freud que revela ao paciente sua relação inconsciente com o sexo masculino, ou seja, a questão da transferência estabelecida com ele no período de 1910 a 1914.

Para ele, esta história da relação inconsciente com o sexo masculino fora da transferência e principalmente na transferência foi analisada de maneira incompleta.

A relação com o sexo masculino surpreende pelo caráter impreciso.Não é preciso lembrar que assim fazendo ou seja, vendo as relações do Homem dos lobos sob o ângulo particular do complexo de castração, não inovamos em nada e que, para qualquer leitor, em cada pagina desta historia a questão reaparece, insistente, tenaz. Castração desejada no plano libidinal, associada ao erotismo anal, temida narcisicamente. Equivalentes variados da castração, tais como a gonorréia, relações com o alfaiate, o dentista, o dermatologista, entre outros. Realização imaginaria e depois alucinatória da castração, tais são apenas para recordar, os temas fundamentais em torno dos quais gravita toda a primeira e segunda analise do Homem dos lobos.

Leclaire apoia o termo castração não como uma mutilação real mas num sentido mais amplo como escreve F.Dolto, "de uma frustração de possibilidades de satisfações sexuais". Mesmo assim, considera impreciso o conceito psicanalítico de castração. Diz ele: se ele evoca a falta de objeto, deve-se dizer que se trata, como sublima Lacan, da falta real resultante da privação de um objeto necessariamente simbólico, do dano sofrido devido a frustração provocada por um objeto real, ou melhor - é este o sentido atribuído ao termo castração de uma espécie de divida simbólica engendrada pela possibilidade de uma mutilação imaginaria.

O que se trata então não são apenas a anatomia e a fisiologia do pênis que se conhece e também não se trata do falo, mas do mais primordial órgão da geração, testemunha por excelência que pode fazer de um homem um pai. O sexo masculino, portanto, o lugar da articulação do real e do simbólico, pois só o testemunho da fé ou da lei podem dar conta da paternidade.

Nada poderia ilustrar melhor o caráter simbólico do pênis do que esse problema da paternidade numa metáfora onde o astrônomo sabe quase com a mesma certeza se a Lua e habitada e quem é seu pai, mas sabe com uma certeza muito diferente quem é sua mãe.

Leclaire nos indica que, embora possamos afirmar que um pênis participa na concepção sempre restara a duvida de quem será o pênis. Se, porem, fora do delírio esta questão não aparece, e justamente porque o sujeito, sólida e cegamente instalado na ordem simbólica da sociedade, confia no que esta escrito nos livros; felizmente É assim desde que existem pais de família.

Freud diferencia; a partir do conceito de pai (que especifica o sexo masculino de uma certa maneira), e sem fazer intervir nenhuma corrente neurótica, este "conceito de uma coisinha que pode ser separada do corpo" como ele diz.

A visão lacaniana de Leclaire nos indica que e esse pênis, de que o homem-pai esta de fato provido (qualquer que seja o uso que possa fazer dele ou o domínio que possa ter sobre ele), que é muitas vezes atribuído a mãe. Esse pênis objeto de desejo ou de temor para a criança. Esse pênis que, na aventura edipiana, por exemplo, torna-se símbolo por excelência. O termo em torno do qual tudo se ordena, e tenta se juntar.

Leclaire sublinha por enquanto que, de certa forma, vemos desenhar-se entre o real e o simbólico, o pontilhado que convirá seguir para operar a castração no sentido psicanalítico do termo.

Se aceitamos o que foi dito como função simbólica do pênis, como neurótico poderia aceitar o seu pênis real se ele é macho ou a sua ausência, não menos real, se ele é fêmea? É na clínica psicanalítica que o paradoxo começa ao nível desta constatação muito simples de que não é porque se está provido de pênis que se pode fazer uso dele.

Por que tanta dificuldade a propósito de uma diferença na aparência, diferença esta que às vezes a criança precisa tanto tempo para reconhecer?

É que precisamente a diferença enquanto tal,precisa ser reconhecida. Supõe que o objeto em questão, o pênis, seja não apenas vivenciado na sua função, mas, sobretudo e antes de qualquer coisa reconhecido na sua singularidade, experimentado, isolado na sua atividade.

Ele fala do "significante" pênis e deste símbolo fálico que coloca a criança entre os meninos a partir do momento em que reconhece que não é ele que está desprovido desta realidade e deste símbolo. O que fazer senão sonhar?

Para Freud; as fezes, a criança, o pênis, constitui uma unidade, de um conceito inconsciente, conceito de uma coisinha que pode ser separada do corpo. Indica a contribuição do erotismo anal à ligação narcísica que o sujeito sente pelo seu pênis. Essa "contribuição" do erotismo anal e típica do que chamamos superposição ou contusão imaginaria.

Freud é ambíguo quando descreve a rejeição do bolo fecal como um dom, ou seja, como um ato primitivamente simbólico.

Leclaire fala de uma alteridade profundamente narcisica que surge de uma experiência de criação autógena ao modo de uma bipartição, que vai desembocar no conceito do outro como parte de si mesmo, e, por outro lado a alteridade terceira que e primitivamente simbólica e cujo modelo é a imagem simbólica do pênis.

O que se verifica no Homem dos Lobos, é a que ponto era necessário tentar determinar, o que diz respeito ao complexo de castração e o seu valor psicanalítico. A troca que perde seu valor simbólico compreende em si a escravidão do vinculo imaginário. É bem próprio do obsessivo ficar preso a este vinculo.

A seguir, na terceira parte, Leclaire examina como Sergéi se comportou diante da possibilidade de castração. Para isso ele retoma o texto da análise freudiana e passa a examinar a atitude do sujeito diante da possibilidade da mencionada castração que ele acredita ser resultante principalmente de um desconhecimento da função simbólica do pênis.

Ele cita Freud: "Já sabemos que atitude do nosso paciente adotou frente a castração. Rejeitou-a e aferrou-a à teoria do comércio pelo anus. (...)Quando eu digo, ele a rejeitou, o sentido imediato dessa expressão é que ele não quis saber nada sobre ela no sentido do recalcamento".

Com isso, ele faz a diferença entre recalque e rejeição, citando a frase em alemão:" Eine Verdrangung ist etwas anderes als eine Verwerfung". É o termo Verwerfung, rejeição, que Lacan traduziu por "foraclusão". O que Freud quer esclarecer é que "isto não envolvia nenhum julgamento sobre a questão da existência da castração, mas tudo se passava como se ela existisse".

O que até aqui foi dito nos leva a crer que a rejeição ou foraclusão da castração implicará na ausência de qualquer julgamento de existência sobre o fato. Pelo contrário, devemos nos lembrar que o recalcamento supõe, pelo menos, que o fato a ser recalcado tenha sido reconhecido como existente. É fundamental que o fato a ser recalcado já tenha sido considerado enquanto tal. Use o pênis, por exemplo, tenha sido simbolizado, ou seja, que o significante (pênis) já tenha sido integrado ao discurso do sujeito.

Freud resume assim o problema essencial do Homem dos lobos: "No fim de contas, existem nele, lado a lado, duas correntes contrárias. Uma abominava a castração, enquanto a outra estava disposta a aceitá-la e a se consolar com a feminilidade a título de compensação.(...)Mas, sem dúvida nenhuma, a terceira corrente, a mais antiga e mais profunda, que simplesmente rejeitara a castração, aquela para a qual não podia se tratar, neste momento, de um JULGAMENTO sobre a REALIDADE ainda era capaz de entrar em atividade".

Leclaire quer nos mostrar que é exatamente essa terceira corrente relativa à possibilidade de castração, a que é resultante da rejeição, ou seja, a foraclusão (Verwerfung) que Lacan marca como fundamental para a psicose.

A foraclusão (Verwerfung) designa pois, uma experiência marcada pelo selo indelével de uma falta radical, de um buraco no significante anterior a qualquer possibilidade de negação e, portanto, de recalcamento.

Na verdade, o que se quer indicar aqui é que, o conceito de foraclusão deve permitir a aproximação de uma dinâmica própria ao fenômeno psicótico, pois este conceito indica melhor do que qualquer outro as características específicas dessa falta cujo apelo todo clínico sente em seu contato com o psicótico.

No entanto, o que Leclaire quer deixar claro e preciso é o que na história do Homem dos lobos foi rejeitado, forcluido. Ele não hesitaria em dizer que foi algo como o próprio símbolo fálico, como por exemplo, o homem-pai na sua função simbólica.

Nada anuncia melhor a psicose de Sergéi, centrada em torno do enigma do falo e abundante em tudo o que pode evocar o complexo de castração, do que essa alucinação que teve aos cinco anos. Ai esta a experiência numa realidade alucinatória, esse "conceito de uma coisinha que pode ser separada do corpo", o pênis em suma, cujo valor simbólico próprio teria sido de alguma forma e primitivamente alterado.

Para Lecraire é a questão do Homem dos lobos, colocada na neurose, imaginariamente resolvida na psicose, que encontramos aqui formulada na extensão de sua ambigüidade, sob uma espécie de alucinação transitória.

A frase: “O que é este pai de quem sou filho e como posso, enquanto filho de um pai como este, tornar-me realmente possuidor de um pênis?" ilustra o que parece ser o fundo da questão de Sergéi.

Concluindo esta parte, ele vai nos dizer que se a neurose constituía a formulação clara desta questão. Se, por outro lado é certo que ela se atualizou na relação transferencial com Freud durante a primeira análise, também é certo que o episódio psicótico constituiu-se numa maneira de resposta a essa questão vivida de um modo puramente imaginário, fora do alcance de um reconhecimento simbólico, mesmo que parcial.

Finalmente, Leclaire vai tentar articular, tão claramente quanto puder o conjunto de fatores históricos e fortuitos que contribuíram para a constituição da psicose. Ele deseja dar conta da transformação progressiva de uma questão formulada pela neurose numa resposta imaginária derrisoriamente exposta pela psicose.

Faz eco à nota de Ruth quando escreve: “É difícil dizer por que o paciente ao invés de manifestar uma paranóia não retornou à sua primitiva neurose”. Lembrando que é a doença de Freud que exerce o papel desencadeante da eclosão da psicose.

Para ele doença de Freud, ao exaltar o perigoso amor passivo sentido pelo filho, assim como a subsequente tentação de se submeter à castração, exalta ao mesmo tempo a hostilidade num grau que torna necessário um novo mecanismo é a projeção.

Em 1913 quando o Homem dos lobos no seu quarto ano de análise continua a se entrincheirar numa “atitude de amável indiferença”, Freud decidiu uma data limite para acabar com a análise, colocando o paciente sob pressão de uma data marcada. Sua resistência, sua fixação à doença acabaram cedendo e a análise liberou todo o material que permitia a resolução das inibições e a supressão dos sintomas do paciente. “Tudo o que me permitiu compreender a neurose emana deste ultimo período”. A resistência desapareceu provisoriamente. O paciente deu provas de lucidez que só se alcança na hipnose.

Ruth faz uma crítica à atitude de Freud. Chama de “apressão” (forçage). Tal pressão por parte do analista talvez faça, às vezes sair todo o material presente, mas posso imaginar que uma inacessibilidade que necessite de fixação de um prazo na maioria das vezes encontrará um meio de fazer uso deste prazo para os próprios fins. O resultado disso foi que o paciente trouxe o material suficiente para conduzir a uma cura, mas ao mesmo tempo isso lhe permitiu conservar consigo justamente este núcleo que mais tarde produziu a sua psicose.

Leclaire se esforça para compreender os efeitos dessa decisão fundamental de Freud. Volta ao autor e ao texto “No que concerne ao médico apenas posso dizer que ele deve, em caso semelhante, comportar-se tão fora do tempo quanto o próprio inconsciente, se aprender alguma coisa.

Leclaire conclui que o que se espera neste tempo (fora-do-tempo) é a emergência da transferência. Na verdade Freud joga a versão à independência, contra a ligação transferencial. Numa metáfora, equivaleria a jogar a caixa de cambio contra marcha a ré, pois a aversão à mudança e a transferência são dois elementos de um mesmo par de forças, ambos estritamente juntos no tempo da análise.


3 comentários:

Magdala disse...

Onde estão as referencias??

Baixando na Faixa disse...

Download do Filme
http://baixandonafaixa.blogspot.com/2010/06/filme-sigmund-freud-o-homem-dos-ratos.html

Lucas disse...

Aqui no google books tem o artigo in natura!

http://books.google.com.br/books?id=lmeV1BYGPTEC&pg=PA175&lpg=PA175&dq=Serge+Leclaire+lobos&source=bl&ots=mt9Wb0TFaC&sig=ZX_KO_O7lG5UX-ldn3I1hRiwysw&hl=pt-BR&ei=gdnXTI-_K4OClAeB4YD9CA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBYQ6AEwAA#v=onepage&q=Serge%20Leclaire%20lobos&f=false