Por Rogério Silva
O psicanalista Jean-Bertrand Pontalis usa Freud, Proust e Woody Allen para discutir o sentido da paixão e do prazer na arte e na vida contemporânea
É o que apresenta o artigo “Caindo de amores” de Jacques Drillon publicado no caderno mais! Da Folha de S. Paulo de hoje (para assinantes da Folha ou da UOL).
Na entrevista publicada no caderno, Jean-Bertrand Pontalis, psicanalista e filósofo fala de amor, do prazer da mulher, de idealização, da perda da virgindade e do acaso.
Pontalis, 83, é autor de livros como "Entre o sonho e a dor" (ed. Idéias e Letras) e "Vocabulário da Psicanálise" (Martins Fontes). Em seu novo lançamento, o psicanalista consagra um belo livro a "Elles", em português Elas, pela ed. Gallimard.
Gamado, que pode ser entendido como: atraído, fascinado, tarado, etc. me parece um termo mais próximo da nossa cultura, enquanto “caímos de amores” tem para nós uma conotação usada mais pejorativamente e menos romântica, mas Pontalis lança mão de Proust em "Em Busca do Tempo Perdido" para falar da alienação de Swann.
Com Freud ele pergunta "O que deseja a mulher?" e se pergunta também o que pode o homem? E é com essa interrogação que ele aponta as diferentes formas de gamar ou "tomber amoureux", literalmente "cair de amor" e a diferença sexual.
Tenta explicar as coisas, falando dos corpos, do desejo, do ciúme com relação ao pai, como uma maneira de organizar nosso desconhecimento.
Quando é perguntado se falar de amor é fazer o elogio ao amor, ele prefere fazer um elogio da diferença da diferença sexual. Onde o outro é verdadeiramente o outro. É o outro que pode descobrir o que temos de outro em nós mesmos, nossa própria feminilidade, talvez.
Uma das grandes contribuições da psicanálise é manter a idéia da bissexualidade psíquica, ao mesmo tempo em que afirma a diferença entre os sexos. Somos bissexuados e anatomicamente diferentes do outro sexo. A anatomia é o destino!
Citando Woody Allen ele diz que quando amamos a fusão (dois em um) com freqüência é ilusória: "Que noite de amor maravilhosa! Éramos apenas um: eu". Queremos nos fundir no outro, desde que seja em nosso próprio benefício, conclui.
Um outro aspecto da diferença sexual é que garoto é um cabaço, uma garota é uma virgem. Talvez por causa de Maria. Ser virgem é uma escolha. Ao passo que ser cabaço é uma fatalidade.
Pontalis iniciou sua carreira pela filosofia, foi aluno de Jean-Paul Sartre militou em movimentos políticos da esquerda. No Centro Nacional de Pesquisa Científica, tendo Lacan como mestre, pesquisou psicanálise em parceria com Jean Laplanche. A dupla foi responsável pela elaboração do "Vocabulário da Psicanálise" (ed. Martins Fontes).
Após romper com ambos, participou, em 1964, da fundação da Associação Psicanalítica da França, dissidência da Sociedade Francesa de Psicanálise.
Vale conferir.
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