Livro do filósofo francês que previu há 30 anos crise das instituições afunda o navio da globalização
O filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995) defende, em texto inédito incluído no livro A ilha deserta (Iluminuras, 384 pp., R$ 53), que Robinson Crusoé não escravizou o dócil Sexta-Feira por gosto natural. Muito menos usou a força. Seduziu o nativo para ser escravo com um pequeno capital e badulaques que salvou do naufrágio, submetendo-o a tarefas sociais, digamos, pouco dignas de um civilizado caucasiano. "Nós nos tornamos maus sem o saber", diz Deleuze. Não nos damos conta de que repetimos ainda hoje o gesto de Robinson com outros Sextas-Feiras. No mundo globalizado, que só faz confirmar a máxima de Macunaíma e Kaspar Hauser - "cada um por si e Deus contra todos" -, a atualidade de Deleuze é assustadora, o que transforma A ilha deserta, desde já, num dos principais lançamentos do ano.
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