O COGITO KANTIANO E O EU EXISTENCIAL: KANT, DESCARTES E DELEUZE
"Descartes
surge num mundo governado pelo ceticismo. O que estou chamando de
ceticismo? “Nós não podemos acreditar em nada que nos dê uma pequena
dúvida”. Como, na sua obra, Descartes tem o estranho objetivo de vencer o
ceticismo – toda a questão dele é quebrar a força do ceticismo sem, é
claro, voltar ao dogmatismo – ele cria a dúvida como método. Ele vai
botar em dúvida tudo aquilo que tiver o mais leve tom de incerteza.
Seguindo esta linha de Descartes, vou apresentar duas questões pra
vocês. São elas: ato e conteúdo de ato. O pensamento, quando pensa,
sempre que pensa, necessariamente pensa um objeto. Não importa qual. Se
o pensamento for pensado, emerge pra ele um objeto. Se o pensamento vai
pensar Deus, o objeto do pensamento será Deus. Pode ser a matemática, o
céu, o que for. Estes objetos do pensamento se chamam conteúdo do ato
de pensar. Objeto de pensamento é sinônimo de conteúdo do ato de pensar.
Descartes, então, colocou em dúvida todos os conhecimentos originários
na percepção e em sonhos – tudo aquilo que percebemos e tudo aquilo que
sonhamos, não temos certeza se é real. (…) Descartes é uma espécie de
marido ciumento. Ele diz: “aquilo que me engana uma vez, eu não confio
mais”."
Claudio Ulpiano
A aula completa, em áudio, está aqui
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