05 dezembro 2006

Este livro discute o conceito de feminilidade na psicanálise com o objetivo de pensar as novas formas de subjetivação na cultura contemporânea. Para tal são articulados e entrelaçados três fios condutores. Parte-se de uma reflexão sobre as mudanças ocorridas no campo das sexualidades como conseqüência do movimento feminista nos últimos 50 anos, principalmente a ruptura das fronteiras entre homem-público e mulher privado, para, a partir daí, demonstrar como os deslocamentos do feminino em meio à crise do masculino constituem um novo topos para pensar a diferença entre os sexos na cultura contemporânea.

O segundo fio condutor consiste na análise crítica da conceituação de diferença sexual na psicanálise. Procura-se demonstrar como o desenvolvimento da idéia do complexo de castração na obra freudiana e a releitura lacaniana da lógica fálica se fundamentam, constituem e apresentam como uma versão do desejo masculino. Herdeira do modelo de diferença sexual construído nos séculos XVIII e XIX, a lógica que pressupõe a diferença para estes autores gira em torno da questão de ter ou não o falo, onde o Outro nunca se solta das amarras daquele que se pretende Um e, como conseqüência, ou expulsa a diferença, ou faz dela a sua refém.

Finalmente, tendo como referência o debate sobre a feminilidade proposto por alguns teóricos atuais no campo da psicanálise, esboça-se uma « metapsicologia da alteridade ». Inicialmente, procura-se analisar o destino da experiência alteritária na modernidade : o outro como estranho-familiar. Em seguida procura-se desenvolver a noção de alteridade no registro da imanência, ou seja, como sugestão para pensar formas de subjetivação tecidas pela singularidade, que não necessitam de um modelo vertical e hierárquico para se referir ao outro.

PsiDivulga