05 agosto 2006

DIVÃ


Divã, de Martha Medeiros

Acabei de ler Divã de Martha e o li como quem bebe tragos de uma bebida forte e aveludada. Era gole atrás de gole e quando dei por mim estava tragada por essa leitura inquietante e lúcida, quente e bem humorada. Resolvi dividir com vocês esse “divã”.

A personagem é Mercedes, uma mulher de quarenta anos e tal, bem casada, com três filhos, profissão: professora de matemática e seu hobby, pintura. Vida sem apertos, sem contas atrasadas, com direito a férias, 13°, cinema, teatro e outras diversões. Amigos escolhidos a dedo, mas certos de se configurarem nessa dimensão; uma vida sem tragédias e sem lamentos; porém, algo lhe escapa. Deita no divã em busca da verdade, da sua verdade. Inquieta-se como se as contas matemáticas, tão exatas de até então, não revelassem muitas de suas imprecisões. As contas não batem!

Lopes é o psicanalista, é esse Outro a quem Mercedes irá se interrogar. “Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer de mim”. E segue dizendo. “Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo: odeio falar de crianças, empregadas e liquidações. (...) Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. (...) Penso como um homem, mas me sinto como uma mulher. (...) Vivo cercada de pessoas, mas nunca somos nós mesmos na presença de testemunhas. (...) Sou tantas que mal consigo me distinguir. (...) São algumas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo”. ...leia mais

Recomendo, recomendo sim o Divã, um divã!

Carmen Teresinha Frota Brêtas Bastos é psicóloga da Codepsi.

Março / 2006

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